UE DESAFIOS ENFRENTA A FORMAÇÃO EXECUTIVA EM PORTUGAL?
QUE CONSEQUÊNCIAS PODE TER A CRISE DA COVID-19 NO FUTURO DO SETOR?
Associate Dean para a Executive Education da Nova SBE
A formação de executivos, tal como qualquer outro negócio, encontra-se sob a pressão de adaptação e reinvenção constante. O contexto atual apenas tornou mais evidente a urgência que as escolas de negócios sentem em responder a ciclos de mudança cada vez mais curtos, em requalificar as equipas com novas competências e em diversificar e reinventar os formatos de aprendizagem. No entanto, o grande desafio passa pelo cumprimento da sua missão de apoiar pessoas e empresas a responderem aos desafios sentidos em contexto de adversidade. E o contexto atual colocará à prova a forma como as escolas de negócios respondem. A Nova SBE tem presente esta missão todos os dias e. desde o inicio desta crise, disponibilizámos ao mercado soluções focadas nos desafios atuais: desde 'webinars' gratuitos diários a programas de formação 100% online, desenvolvidos para responder especificamente aos desafios dos participantes, onde destacamos temas tão diversos como 'burnout' e gestão emocional, e- -Commerce e resiliência financeira. O aumento do trabalho remoto e a facilidade com que passaremos a interagir através de ferramentas digitais aumentará rapidamente a abertura em adotar modelos de aprendizagem remotos. Esta simples mudança exige que todos os 'stakeholders' sejam alvo de uma requalificação acelerada para que possam aprender e ensinar com a mesma qualidade que o faziam no passado em modelo presencial. O contexto atual irá também, pelo menos temporariamente, promover uma orientação das pessoas para a escolha de programas de impacto no curto prazo, levando a que se procurem soluções instrumentais em resposta às necessidades imediatas, ao invés de procurarem uma alternativa que lhes permitam ganhar competências para responder aos desafios futuros. independentemente de quais venham a ser. A tempo, algumas áreas ganharão ainda mais relevo na formação de executivos. As lideranças, por exemplo. terão de passar novamente por um processo de requalificação. O potencial aumento do 'burnout', como resultado do trabalho em isolamento, em jornada continuada, e sem acompanhamento, é apenas uma das muitas variáveis que vem desafiar uma vez mais a missão do líder. A gestão de crises e desenvolvimento de Cenários emergem para o topo da tabela das formações mais requisitadas, tornando-as tão vulgares como áreas de estratégia e finanças.
Presidente do ISCTE Executive Education
Enfrenta a batalha entre o on-line e o presencial. entre uma experiência e outra, entre uma aproximação e outra. E é muito natural que venha a enfrentar o desafio do 'blended learning'. Para o presencial enfrentará a partir de setembro as restrições do distanciamento social. das máscaras, da lavagem de mãos permanente, das deslocações em edifícios que estão pensados para pessoas e interação e não para todas estas restrições. Não obstante, será uma aventura e uma experiência que terão seguramente, como tudo na yida, lados positivos e que irão marcar as comunidades de Executive Education de forma única. Apesar dos vários problemas continuo a pensar que é uma tremenda oportunidade para pensar fora da caixa, desenhar oferta formativa diferente e acompanhar empresas através de formatos e aproximações novas. Será seguramente um 'living lab' na medida em que todos estão a aprender os primeiros passos deste 'novo normal'. Isto dito, o futuro é de quem quiser lá estar e de quem souber lá estar. Não vejo o desafio senão como uma oportunidade. Várias alterações são expectáveis. Agora há uma que considero tremenda, boa ou má mas que nos faz pensar (tem de fazer pensar): para quê tantos edifícios e infra-estrutura física se tudo se move noutra direção? Mesmo que voltemos ao presencial, como o conhecemos, as restrições mentais nas pessoas serão óbvias e teremos de saber adaptar-nos. O setor terá de se adaptar e criar 'journeys' e experiências diferentes mas igualmente impactantes.
Coord. da Formação de Executivos da Univ. Europeia, IADE e IPAM
Os grandes desafios enfrentados pela formação executiva em Portugal passam fundamentalmente pelas alterações permanentes e muitas vezes disruptivas dos perfis de necessidades de competências empresariais. O mundo em que vivemos está a mudar a um ritmo avassalador e essa mudança leva a que a antecipação de oportunidades emergentes seja cada vez mais difícil. Assistimos claramente a uma mudança paradigmática associada a um autêntico tsunami digital e tecnológico que tem também implicações ao nível da necessidade de quantificação instantânea e em tempo real de todas as atividades diárias que realizamos. A transformação digital. o desenvolvimento tecnológico, a relação com a tecnologia e o controlo da atividade tecnológica serão áreas de desenvolvimento aplicáveis a todas as áreas de negócio, constituindo-se como desafio de referência a curto, médio e longo prazo. Por outro lado, antecipando o pressuposto de que o mundo no futuro será mais digital e tecnológico, torna- -se evidente que este será também mais analítico. O processo de tomada de decisão com base em dados implicará também uma aposta concreta ao nível da aplicação e do desenvolvimento de formação com foco relação entre ciència, quantificação e dados. No movimento do ser humano para uma vida quotidiana de relação permanente com máquinas e com várias tipologias de inteligência artificial teremos também o desafio da criação de novas soluções formativas ligadas ao desenvolvimento organizacional, às 'soft skills' e à relação entre pessoas. Esta crise terá obviamente impactos no setor da área da formação executiva, sendo que neste momento se tornam evidentes as seguintes consequências: (1) Necessidade de reinvenção das práticas pedagógicas rumo a uma maior aposta no ensino e na aprendizagem e-Learning e b-Learning; (2) Aposta em modelos académicos experienciais e baseados no desenvolvimento de competências e na perspetiva "learning by doing"; (3) Foco no conceito Lifelong Learning com programas mais curtos, modulares e sequenciais: e (4) Transformação Digital da experiência educativa no sentido da comodidade e do processo de globalização das instituições num momento particularmente critico ao nível da captação de estudantes internacionais.
Presidente da Coimbra Business School r' ISCAC
A formação executiva é uma ferramenta imprescindível para navegar nos mares difíceis que a Covid-19 formou para as empresas e organizações. Será preciso preparar ambientes cada vez digitais, reforçar bs modelos de gestão colaborativos e sustentáveis, gerir crises e catástrofes e reforçar áreas TI como a segurança, cibersegurança e gestão de fraude. Os recursos humanos também serão sensíveis, uma vez que as pessoas em teletraba- lho adquirem novas noções do que é a realização profissional e a sua própria felicidade pessoal. A formação executiva terá de dar resposta a tudo isto. Por outro lado, o aumento dos riscos associados às ligações em rede aumentam — a internet é uma porta aberta: a segurança informática que as instituições oferecerem aos seus docentes e formandos irá ser um fator decisivo de competitividade entre escolas de ciências empresariais. A Coimbra Business School está muito bem posicionada nesse capítulo! Depois deste período Covid-19, formação executiva irá inevitavelmente manter uma forte componente à distância no período pós-Covid-19, pela sua facilidade e flexibilidade. O seu público- -alvo irá estar muito ocupado e mais concentrado no relançamento e reativação da atividade económica, na procura de novos mercados para as empresas, em suma: nas tarefas próprias da gestão. Por isso, componentes relevantes de formação à distância irão permitir uma melhor gestão do tempo e dos custos das empresas com a formação. Neste sentido, para além da sua oferta habitual, a CBS Executive irá proporcionar formações mais especializadas, muito focadas em assuntos estritos, específicos, com pouca carga horária. A Covid-19 está também a aumentar a procura de formações desenhadas em parceria com as empresas e organizações suas destinatárias. A CBS Executive tem uma longa tradição de formação com parceiros feita muitas vezes in loco, nas próprias empresas, associações empresariais e organismos públicos.
Associate Dean para a For. Exe. da Católica Porto Business School
Vejo três grandes desafios: a análise da concorrência na área da formação. oconhecimento do que procuram as empresas e o conhecimento do perfil de quem facilita a formação. Quanto ao primeiro. há cada vez mais fornecedores de formação executiva, com níveis de qualidade muito distintos e sem acreditações. Não devem ser equiparados com uma escola de negócios, mas nem sempre o mercado diferencia. Quanto ao segundo, é necessário saber quem são e o que procuram os "clientes" da formação executiva e quais são as suas motivações. É que as empresas estão a cair na armadilha dos ''snacks" de formação: programas curtos e intensivos, mas que cumpram os objetivos. Ora, isso é irreal! Por último. é fundamental repensar o perfil dos professores da formação executiva, por forma que se transite do conceito de "professor-professor" para o "prolessor-facilitador". Há que refletir sobre o impacto da "Pandemia do medo": até que ponto se sentirão as pessoas seguras em salas de aulas com dezenas de pessoas, por mais medidas de segurança que as Escolas estejam a adoptar e mesmo que essas medidas se mantenham no futuro? Outra consequência prende-se com o impacto da crise económica. É sabido que a formação é uma das áreas de que as empresas e os particulares mais facilmente prescindem em situações de necessidade. Por último, uma grande oportunidade: o surgimento de novas metodologias de ensino, em formatos online. 'btended', à distância, de acordo com os conteúdos. de acordo com o perfil do público alvo e de acordo com operfil dos professores. Se existem cursos que devem voltar ao ensino presencial a 100%, outros permitem identificar oportunidades de novas metodologias, permitindo, inclusivamente, mais flexibilidade aos participantes e o acesso a novos mercados.
Diretor da Católica Global School of Law
Todos os sectores de actividade económica foram afectados pela crise do Covid-19 e pela paralisação da economia que ela necessariamente implicou. A formação executiva não é excepção a esta realidade. Em poucos dias, as Universidades encerraram as suas instalações, antes mesmo de ser declarado do estado de emergência, e reprogramaram as suas aulas. Na Universidade Católica, a transição fez-se em poucas horas. Os LL.M. da Católica Global School of Law mantiveram-se em funcionamento, sem grandes alterações. Muitos alunos de diferentes nacionalidades regressaram aos seus países, mantendo-se a participar nas aulas online. Há, em todo o caso, importantes lições a retirar desta crise. Há muito que se falava de transição para a economia digital, e de e-learning e b-learning. Há aspectos vantajosos no ensino à distancia, como os ganhos de eficiência. Do ponto de vista da formação executiva. dirigida a profissionais com grande ocupação profissional e pouca disponibilidade de tempo, isto pode ser um "game changer". Claro que há aspectos insubstituíveis na participação pessoal: o contacto e onetworking. Todavia, o "blended learning" permite combinar a formação online com a presença física. Assim, obtêm-se as vantagens da formação online, sem perder a possibilidade do contacto físico. Por outro lado, verificou-se uma clara aceleração da transição para a economia digital, o que aumentará muito a procura de formação nesta área. A Católica Global School of Law decidiu lançar um novo LL.M. em Law in a Digital Economy, respondendo a esta crescente necessidade. Depois da crise, muito irá mudar. Na formação de executivos teremos mais atividade online, à distância. e mais procura por temas ligados à economia digital. Às Universidades cabe mostrarem a capacidade de adaptação e de resposta que tiveram durante a crise.
Diretora do ISEG Executive Education
A formação de executivos é um setor global. Os desafios que enfrenta são, com pequenos ajustamentos locais decorrentes da cultura e respetivas idiossincrasias, os mesmos. Num mundo em acelerada mudança, o "iifelong learning" é uma realidade inultrapassável. Vivemos um novo paradigma, em que a única certeza é a necessidade constante de aprender, de ser flexível, de se reinventar, de modo a manter a relevância no mercado de trabalho. O grande desafio que a formação executiva enfrenta é assim criar programas que vão ao encontro das expetativas dos profissionais e das empresas, muito ancorados no desenvolvimento de competências e na criação de valor. Claro que neste cenário, é crucial antecipar tendências e conseguir ser proativo face ao que o mercado irá procurar. A pandemia funcionou com um acelerador poderoso da adoção do ensino a distância. É expectável que no futuro esta tendência se mantenha e o 'digital learning' se imponha em determinados contextos, em que é muito eficaz. No entanto, não podemos anunciar a morte do ensino presencial, que apresenta clara superioridade de resultados em determinadas situações. Uma solução que emergirá seguramente como mais equilibrada e adequada para uma audiência de executivos será o 'blended learning', que sendo um híbrido, conjugando sessões presenciais e sessões a distância, consegue reunir as vantagens de ambos os modelos. Dean da Porto Business School O surto da Covid-19 está a ter um impacto profundo na vida de todos nós. É claro que as duras consequências desta pandemia para a saúde, a segurança, a economia e a mobilidade estão na linha da frente, no entanto, este acontecimento sem precedentes está também a fazer com que as organizações repensem os seus modos de funcionamento e as suas estratégias. A formação para executivos não é exceção; também as Escolas de Negócios foram apanhadas desprevenidas e encontram-se em estágios diferentes na resposta - muitas estão em modo de improviso, testando novos modelos, outras sentem as dores de terem estruturas menos ágeis. No entanto, todas, sem exceção, estão em modo reativo. No caso da Porto Business School fizemos uma transição rápida. (...) Acredito que a Covid-19 torne as escolas mais flexíveis, inovadoras e colaborativas. A busca pela relevância e necessidade de preparação para o futuro (seja ele qual for) dará maior destaque à formação contínua e os modelos de aprendizagem terão de ser ajustados. Acredito que o diálogo com o mercado de trabalho e o futuro do trabalho assumirá uma importância crítica e vai acelerar esforços para a renovação de programas para o desenvolvimento de novas competências. Acredito que esta pandemia vai humanizar as 'business schools' e que haverá uma maior integração dos temas sociais/de sustentabilidade nos currículos dos programas. O que "não nos mata, torna- -nos mais fortes", por isso acredito que a formação para executivos irá recuperar, fortalecendo-se, ficando mais preparada, mais imune a acontecimentos inesperados e, sobretudo, mais relevante.
Diretora Geral do ISAG - European Business School
A formação executiva tem tido uma evolução notável nos últimos anos, sendo muitas vezes uma resposta a uma economia global extremamente competitiva e exigente. Os RH são um dos principais ativos das empresas e a sua constante atualização de competências pode traduzir-se numa importante vantagem competitiva para o negócio. As empresas estão mais sensíveis a estas necessidades, reconhecendo e valorizando a formação dos RH. Também a alteração do código de trabalho para a obrigatoriedade de cada colaborador ter pelo menos acesso a 40 horas de formação anual, impôs novos desafios às empresas. Também as instituições de ensino superior, por outro lado, são confrontadas com muitos desafios na elaboração das soluções formativas, que devem ser customizadas em função das reais necessidades das empresas e do mercado de trabalho, sobretudo numa era de acelerada evolução tecnológica e social. Acreditamos que a crise provocada pela pandemia de Covid-19 trouxe muitas oportunidades para a área da formação executiva, desde logo por ter exigido uma rápida adaptação das empresas e dos colaboradores. A atualização de conhecimentos e competências passou a ser determinante para garantir a sobrevivência de muitos negócios. pelo que houve uma procura exponencial por, por exemplo, cursos online, um produto que ainda recebia muita resistência em Portugal. Esta solução passou a ser essencial para acompanhar as rápidas mudanças que se estão a sentir no mercado de trabalho e poderá ser ainda mais importante no futuro. Os preconceitos que existiam com o ensino à distância foram contornados e há uma maior valorização dos cursos lecionados em plataformas online, que oferecem muitas vantagens que hoje começam a ser reconhecidas. A formação executiva vai ocupar um lugar de destaque nos planos estratégicos das empresas, que estarão mais sensibilizadas para a sua importância e relevância no imediato e, em particular, no futuro, possibilitando uma melhor preparação para as novas dinâmicas da economia, mas também uma melhor resposta para enfrentar cenários de crise como o que vivemos hoje.
Diretora da Formação de Executivos da Catolica- -Lisbon
A formação de executivos da Católica Lisbon School of Business & Economics está a adaptar muito rapidamente os seus serviços presenciais para o online, em todas as suas dimensões. Esta pandemia obrigou- -nos a adaptar e a inovar muito rapidamente, fazendo com que todos nós (clientes, docentes e staff) embarcassem nesta nova aventura digital de forma imediata, com a particularidade de termos que trabalhar remotamente e gerir as nossas casas em simultâneo. Na CATÓLICA-LISBON consideramos que, mais importante ainda do que apressar um portefólio de e-learning, é essencial manter uma relação próxima com os nossos participantes e empresas. respondendo às suas necessidades, o que estamos a conseguir alcançar já que estamos a adaptar as nossas sessões por for- ma a fornecer conteúdo útil e atual neste contexto de pandemia. As empresas estão muito mais recetivas e abertas a novas experiências pedagógicas. Isso tem fortes implicações porque o modelo de ensino e aprendizagem é diferente. Estamos a oferecer formações mais curtas e a manter um contato mais pessoal entre as sessões on-line. A educação executiva não é sobre o que foi bem feito no passado, é sobre encontrar respostas para hoje e liderar o caminho para inovar e construir o amanhã. Quanto aos novos programas online, estamos a preparar uma oferta inovadora em programas online, a ser lançada muito brevemente, que usará novas metodologias pedagógicas e que se focará em conteúdos muito atuais, respondendo às necessidades dos profissionais e das empresas nesta era Covid. Entre os novos programas previstos serão abordados temas como negociação em contexto online, ferramentas de marketing num mundo digital, responsible business, inovação e business models, e-commerce, gestão de equipas online, entre outros.
Vice-reitor da Universidade Portucalense
São vários os desafios que se colocam. Mencionarei apenas três. Em primeiro lugar, a internacionalização. É um repto muito importante que se coloca às escolas de negócios pois, quer por uma questão de sustentabifidade financeira quer de afirmação e reputação, a expansão para mercados externos é absolutamente crucial. O segundo desafio prende-se com as necessidades do mercado de trabalho. As alterações que se têm vindo a registar neste domínio exigem conhecimentos e competências que são muito diferentes daquelas que eram necessárias ainda há poucos anos. Em terceiro lugar, gostaria de realçar a importância do digital com todas as implicações que ele significa ao nível do processo de ensino-aprendizagem. A atual pandemia irá tomar mais prementes os desafios anteriormente referidos. Em particular, a formação a distância, ou pelo menos 'blended', será cada vez mais procurada. As escolas de negócios terão de rapidamente se adaptar a esta nova realidade, até como forma de ganharem escala e, consequentemente, reforçarem a sua visibilidade e